- A Nossa Voz
Há uma saudade guardada
No fundo do peito
No olhar de todos nós
Quero dar-te aquele abraço
Rir de cansaço
Ouvir a tua voz
E de um seremos mil corações
E de mil uma só voz
- Alma
Puedo decir que está vacia
Cada una de estas calles
Puedo decir que veo gente
Y sin embargo no veo a nadie
Puede decir que solo los coches me duermen
Puedo demostrar que no respiro
El aire que todos respiran
Puedo deicr que soy el ultimo testigo de un jardin perdido
- Alma De Vento
Traz a vento as horas
Em que o amor em mim refez,
Entre o medo e as demoras,
Os silêncios sem "porquês".
Vão no vento os medos
Que soubeste à minha voz.
Guardo ao vento os meus segredos
- Barco negro
São loucas! são loucas! loucas...
Eu sei, meu amor,
Que nem chegaste a partir
Pois tudo em meu redor
Me diz que estás sempre comigo
Eu sei, meu amor,
Que nem chegaste a partir
- Beijo De Saudade
Ondas sagradas do Tejo
Deixa-me beijar as tuas águas
Deixa-me dar-te um beijo
Um beijo de mágoa
Um beijo de saudade
Para levar ao mar e o mar à minha terra
Nha terra ê quêl piquinino
- Duas Lagrimas de Orvalho
Duas lágrimas de orvalho
Caíram nas minha mãos
Quando te afaguei o rosto
Pobre de mim pouco valho
Para te acudir na desgraça
Para te valer no desgosto.
Porque choras não me dizes
- Fado Curvo
"Cavaleiro Monge"
Pacheco, Mário/Fernando Pessoa
Do vale a montanha
da montanha o monte
cavalo de sombra
cavaleiro monge
por casas por prados
- Ha Palavras Que Nos Beijam
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
- Ja Me Deixou
A saudade andou comigo
E através do som da minha voz
No seu fado mais antigo
Fez mil versos a falar de nós
Troçou de mim à vontade
Sem ouvir sequer os meus lamentos
E por capricho ou maldade
Correu comigo a cidade
- Loucura
Sou do fado
Como sei
Vivo um poema cantado
De um fado que eu inventei
A falar
Não posso dar-me
Mas ponho a alma a cantar
- Maria Lisboa
É varina, usa chinela
Tem movimentos de gata
Na canastra, a caravela
No coração, a fragata
Na canastra, a caravela
No coração, a fragata
- Medo
Quem dorme à noite comigo
É meu segredo,
Mas se insistirem, lhes digo,
O medo mora comigo,
Mas só o medo, mas só o medo
E cedo porque me embala
Num vai-vem de solidão,
- Meu Fado Meu
Trago um fado no meu canto
Canto a noite até ser dia
Do meu povo trago pranto
No meu canto a Mouraria
Tenho saudades de mim
Do meu amor, mais amado
Eu canto um país sem fim
- Montras
Ando na berma
Tropeço na confusão
Desço a avenida
E toda a cidade estende-me a mão
Sigo na rua, a pé, e a gente passa
Apressada, falando, o rio defronte
Voam gaivotas no horizonte
Só o teu amor é tão real
- Morada Aberta
Diz me o rio que conheco
Como nao conheco a mim
Quanta magoa vai correr
Ate o desamor ter fim
Tu nem me ouves lanceiro
Por entre vales e montes
Matando a sede ao salguiero
- O Gente Da Minha Terra
É meu e vosso este fado
Destino que nos amarra
Por mais que seja negado
Às cordas de uma guitarra
Sempre que se ouve o gemido
De uma guitarra a cantar
Fica-se logo perdido
Com vontade de chorar
- O meu fadu
Trago um fado no meu canto
Canto a noite at? ser dia
Do meu povo trago pranto
No meu canto a Mouraria
Tenho saudades de mim
Do meu amor, mais amado
Eu canto um pa?s sem fim
- Pequenas Verdades
No meu deserto de água
Não havia luz para te olhar
Tive que roubar a lua
Para te poder iluminar
Quando iluminei o teu rosto
Fez-se dia no meu corpo
Enquanto eu te iluminava
- Primavera
Todo o amor que nos prendera,
Como se fora de cera,
Se quebrava e desfazia.
Ai funesta Primavera,
Quem me dera, quem nos dera,
Ter morrido nesse dia.
E condenaram-me a tanto,
- Que Deus me perdoe
If only my secretive soul
Could reveal
How I suffer in silence
If it could only tell
Everyone would see
Just how wretched I am,
How I pretend to be happy,
How I weep when I sing.
- Rosa branca
De Rosa ao peito na roda
Eu bailei com quem calhou
Tantas voltas dei bailando
Que a rosa se desfolhou
Quem tem, quem tem
Amor a seu jeito
Colha a rosa branca
- Vozes Do Mar
Quando o sol vai caindo sobre as águas
Num nervoso de líqueo de ouro intenso
de onde vem essa voz cheia de mágua
com que falas à terra ó mar imeso
Ó mar
Tu falas de festins e cavalgadas
de cavaleiros errantes ao luar